Todos os anos milhares de pessoas têm suas vidas de alguma forma transformadas em função do desrespeito às leis de trânsito. Podemos apontar culpados, mas por que não indicar caminhos para uma cidade mais segura e educada para a vida?
Em setembro comemorou-se a Semana Nacional do Trânsito, porém penso que o nome certo deveria ser Semana Nacional da Tragédia no Trânsito. Isso porque os indicadores que temos são lastimáveis. Morreram no Brasil 45 mil pessoas por acidentes de carro no ano passado, em 2008 10 mil pessoas morreram por acidentes de moto, 584 mil pessoas ou ciclistas morreram por atropelamento no mundo, e os gastos com a saúde no país são de cerca de R$14 mil por vítima não fatal de acidente de trânsito. Ou seja, não dá mais para aguentar números tão alarmantes sem uma reação em cadeia de toda a sociedade, juntamente com os três entes federados: municípios, estados e nação, e as três esferas de pode: judiciário, executivo e legislativo. É preciso que os governantes e os poderes constituídos se envolvam numa cruzada sem precedentes, voltada para a educação para o trânsito, bem como as igrejas de todas as denominações e credos, toda a sociedade organizada, instituições públicas e privadas de toda natureza, escolas, veículos de comunicação e principalmente as famílias.
O Congresso Nacional pode e deve mudar as legislações relativas ao trânsito, garantindo punições mais rigorosas e mais caras, pois o bolso ainda é um ótimo educador. O poder executivo precisa cuidar mais dos sinais verticais e horizontais no trânsito e no controle das vias, e o judiciário deve ser mais ágil e severo com o cumprimento da legislação. Além disso, a sociedade está clamando por uma legislação mais dura para condutores que consomem bebidas alcoólicas e causam acidentes/tragédias, como fianças bem mais caras e tipificar como crime doloso os acidentes provocados pelos motoristas infratores.
Podemos e devemos dar pequenos mas significativos passos na construção da alteração dessa cultura de desrespeito com as leis de trânsito. Se todos nós sairmos de casa ou de qualquer lugar dez minutos mais cedo, provavelmente poderemos demonstrar mais educação no trânsito parando nas faixas de pedestres ou nos sinais amarelos, não furando sinais vermelhos, evitando ziguezaguear nas ruas e avenidas para ganhar às vezes alguns poucos minutos ao final de tanta lambança no trânsito, e assim evitar gastos com batidas e buracos que não se conseguiu desviar por conta da velocidade.
Qual é a sensação que você tem quando para numa faixa de pedestre, faz ou não a sinalização com a mão, e um motorista educado para, lhe permitindo a passagem? Não é uma sensação de cidadania plena? De perceber que a outra pessoa respeitou você mesmo sem te conhecer? Não é muito bom? Isto é ALTERIDADE, é se colocar no lugar da outra pessoa. Pois então, se cada um fizer a sua parte, a cidade será muito mais inclusiva. Já percebeu como é gostoso andar em Jardim da Penha, Brasília, e outros lugares que respeitam pelo menos a faixa de pedestre?
Agora, é incrível como o mesmo motorista que para na faixa em Jardim da Penha, quando sai do bairro, não respeita a faixa em outras localidades, por que será? É incrível, mas é a mais pura verdade, inclusive os profissionais do volante, taxistas, motoristas de ônibus e ambulâncias, eu e você.
Podemos e devemos mudar isso, depende da nossa vontade coletiva de construirmos uma cidade mais inclusiva e educada. Nossa cidade de Vitória completou 460 anos, e já é uma cidade madura, pronta para demonstrar responsabilidade coletiva com a vida e a cidadania plena. Portanto, estamos desafiados a fazer cada um, cada uma, a sua parte nessa construção, por uma cidade inclusiva, generosa e educada para a vida.
Eliézer Tavares
Administrador, Mestre em Educação
Vereador de Vitória
Data de Publicação: segunda-feira, 31 de outubro de 2011